O inespecífico e a forma
DOI:
https://doi.org/10.18309/anp.v51i3.1437Palavras-chave:
Inespecificidade, Forma, Literatura contemporânea, Valeria LuiselliResumo
A noção de forma é cultivada como indispensável à arte desde Kant. E mesmo que os formalistas tenham tentado dissolver a oposição entre forma e conteúdo, esse embate continua mais vivo que nunca no presente. Ao analisar o trabalho de Nuno Ramos, Florencia Garramuño afirma que as obras do artista “se distancia[m] de questões puramente formais” e que o espectador é levado a “considerar os efeitos e enigmas” que a obra produz “em vez de concentrar-se na forma estética”. Também no Indicionário do Contemporâneo, no verbete sobre as “práticas inespecíficas” do presente, lemos que obras que se expandem na direção de outros gêneros ou materiais (artísticos ou não) “colocam em xeque uma noção de forma definida”. Considerando a relação entre as noções de inespecificidade e forma, nesta comunicação, gostaria de investigar melhor o conceito de forma e sua operacionalidade para as obras inespecíficas produzidas hoje. A premissa principal é que embora muitas produções não possam ser identificadas a gêneros específicos, talvez seja possível considerar que a inespecificidade é um indício que sugere a reinvenção das formas de contar no presente, mas não seu descarte. Assim, a comunicação quer realizar um levantamento teórico sobre a noção de forma para refletir sobre sua validade hoje, tomando para análise o mais novo romance da escritora mexicana Valeria Luiselli, Arquivo das crianças perdidas.
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