Libras como L2 para ouvintes:

a fluência em perspectiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v52i1.1501

Palavras-chave:

Fluência, Libras, Segunda Língua

Resumo

A fluência, tanto em línguas orais quanto em línguas sinalizadas, é um fenômeno que, apesar de bastante caro à Linguística Aplicada, não tem um conceito estabelecido na literatura e essa defasagem teórica pode acarretar impactos negativos à prática pedagógica de ensino de segunda língua (L2), uma vez que o conhecimento acadêmico suporta o conhecimento técnico do professor. A fim de contribuir para o preenchimento dessa lacuna nos estudos relativos à Língua Brasileira de Sinais (Libras), este artigo adota as ideias oriundas da Teoria da Complexidade (LARSEN-FREEMAN, 1997; PAIVA, 2005, 2011, 2014, 2019) e das concepções de Segalowitz (2016) com o objetivo de propor um conceito que sirva como referência para futuros estudos no campo da Aquisição da Segunda Língua (ASL).Trata-se de um artigo conceitual de síntese, que se assenta em uma concepção de língua como sistema complexo, que discorre a respeito da fluência sob a especificidade da modalidade visuo-manual da Libras e a entende como multidimensional (fluência cognitiva, fluência de enunciação, contexto social, motivação e fluência perceptiva), situacional e dinâmica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lídia da Silva, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil

Doutora em Linguística pela UFSC, professora do Curso de Licenciatura em Letras Libras da UFPR e líder da linha de pesquisa Libras como L2 do GPLIN-DGP/CNPq.

Daniel Moreno, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil

Historiador e intérprete de Libras, professor da rede estadual do Paraná, acadêmico do Curso de Licenciatura em Letras Libras da UFPR, membro do grupo de pesquisa GPLIN-DGP/CNPq na linha de pesquisa Libras como L2. 

Referências

BARBERÀ, G. A. The meaning of space in Catalan Sign Language (LSC): reference, specificity and structure in signed discourse. 2012. Tese (Doutorado em Tradução e Ciências da Linguagem) – Universidade Pompeu Fabra, Barcelona, 2012. Disponível em: https://repositori.upf.edu/handle/10230/16464. Acesso em: 7 abr. 2021.

BEAL, J. University American Sign Language (ASL) second language learners: receptive and expressive ASL performance. Journal of Interpretation, v. 28, n. 1, p. 1- 27, 2020. Disponível em: https://digitalcommons.unf.edu/joi/vol28/iss1/1/. Acesso em: 7 abr. 2021.

BERNARDINO, E. L. A construção da referência por Surdos na Libras e no Português escrito: A lógica no absurdo. 1999. Dissertação (Mestrado em Letras: Estudos Linguísticos) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/padrao_cms/?web=elidea&lang=1&page=491&menu=345&tipo=1. Acesso em: 7 abr. 2021.

BORGES, E. F. V.; PAIVA, V. L. M. O. Por uma abordagem complexa de ensino de línguas. Linguagem & Ensino, v. 14, n. 2, p. 337-356, jul./dez. 2011. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/rle/article/view/15396. Acesso em: 7 abr. 2021.

CONSELHO DA EUROPA. Quadro europeu comum de referência para as línguas: aprendizagem, ensino, avaliação. Lisboa: ASA Editores II, 2001. Disponível em: https://area.dge.mec.pt/gramatica/Quadro_Europeu_total.pdf. Acesso em: 7 abr. 2021.

CORINA, D.; LAWYER, L.; CATES, D. Cross-linguistic differences in the neural representation of human language: evidence from users of signed languages. Frontiers in Psychology, v. 3, article 587, 2013. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2012.00587/full. Acesso em: 7 abr. 2021.

DUTRA, E. C. Fluência oral em língua inglesa: concepções, perspectivas e a avaliação da aprendizagem. 2018. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) – Universidade de Brasília, Brasília, 2018. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/33825. Acesso em: 7 abr. 2021.

ELLIS, R. Second language acquisition. Oxford: Oxford University Press, 2003.

FILLMORE, C. J. On fluency. In: FILLMORE, C. J.; KEMPLER, D.; WANG, W. S-Y. (orgs.). Individual differences in language ability and language behavior. New York: Academic Press, 1979. p. 85-101.

GORSKI, E.; FREITAG, R. M. K. Língua materna e ensino: alguns pressupostos para a prática pedagógica. In: SILVA, C. R. (org.). Ensino de português: demandas teóricas e práticas. João Pessoa: Ideia, 2007. p. 91-125.

HILGER, Al; et al. Characterizing American sign language fluency using the spatiotemporal index. In: THEORETICAL ISSUES IN SIGN LANGUAGE RESEARCH CONFERENCE, 2013, London, England. Poster. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/271204182_CHARACTERIZING_AMERICAN_SIGN_LANGUAGE_FLUENCY_USING_THE_SPATIOTEMPORAL_INDEX. Acesso em: 9 abr. 2021.

KANTO, L.; HAAPANEN, U-M. Fluency in sign language. In: LINTUNEN, P.; MUTTA, M.; PELTONEN, P. (orgs.). Fluency in L2 learning and use. Multilingual Matters, 2019. p. 96-110.

LARSEN-FREEMAN, D. Chaos/complexity science and second language acquisition. Applied Linguistics, v. 18, n. 2, p. 141-165, 1997. Disponível em: https://www.uibk.ac.at/anglistik/staff/freeman/course-documents/diane_chaos_paper.pdf. Acesso em: 7 abr. 2021.

LOSS, A. L. Avaliação de fluência em língua de sinais brasileira: definindo critérios sob uma perspectiva surda. 2016. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/180406. Acesso em: 7 abr. 2021.

LUPTON, L. Fluency in American sign language. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, v. 3, n. 4, p. 320-328, 1998. Disponível em: https://academic.oup.com/jdsde/article/3/4/320/339644. Acesso em: 7 abr. 2021.

MARQUES, F. S. Ensinar e aprender inglês: o processo comunicativo em sala de aula. Curitiba: Ibpex, 2011.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Tradução: Eliane Lisboa. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2015.

PAIVA, V. L. M. O. Modelo fractal de aquisição de línguas. In: BRUNO, F. A. T. C. (org.). Ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras: reflexão e prática. São Paulo: Claraluz, 2005. p. 23-36.

PAIVA, V. L. M. O. Linguagem e aquisição de segunda língua na perspectiva dos sistemas complexos. In: BURGO, V. H.; FERREIRA, E. F.; STORTO, L. J. (org.). Análise de textos falados e escritos: aplicando teorias. Curitiba: CRV, 2011. p. 71-86.

PAIVA, V. L. M. O. Aquisição de segunda língua. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

PAIVA, V. L. M. O. Gêneros da linguagem na perspectiva da complexidade. Linguagem em (Dis)curso – LemD, v. 19, n. 1, p. 67-85, jan./abr. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ld/v19n1/1518-7632-ld-19-01-67.pdf. Acesso em: 7 abr. 2021.

QUADROS, R. M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 1997.

QUINTO-POZOS, D. Teaching American sign language to hearing adult learners. Annual Review of Applied Linguistics, v. 31, p. 137-158, 2011. Disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/annual-review-of-applied-linguistics/article/abs/teaching-american-sign-language-to-hearing-adult-learners/8AA4FC84B7450E10B6C58AF79E82D1E4. Acesso em: 7 abr. 2021.

ROSEN, R. Between-learners’ outside-of-classroom uses of American sign language as a foreign language. Sign Language Studies, v. 14, n. 3, p. 360-381, 2014. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/545791. Acesso em: 7 abr. 2021.

SANTOS, K. P. A fluência em questão: da normalidade à patologia. 2015. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/169492. Acesso em: 7 abr. 2021.

SCARAMUCCI, M. V. R. Avaliação de rendimento no ensino-aprendizagem de português língua estrangeira. In: ALMEIDA FILHO, J. C. P. (org.). Parâmetros atuais para o ensino de português língua estrangeira. 1. ed. Campinas: Pontes, 1997. p. 75-88.

SCARAMUCCI, M. V. R. Proficiência em LE: considerações terminológicas e conceituais. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 36, p. 11-22, jul./dez. 2000. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8639310. Acesso em: 7 abr. 2021.

SCARPA, E. M. Sobre o sujeito fluente. Cadernos de Estudos Linguísticos, v. 29, p. 163-184, jul./dez. 1995. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/118636/1/ppec_8636925-6666-1-PB.pdf. Acesso em: 7 abr. 2021.

SEGALOWITZ, N. Cognitive bases of second language fluency. New York: Routledge, 2010.

SEGALOWITZ, N. Second language fluency and its underlying cognitive and social determinants. International Review of Applied Linguistics in Language Teaching, v. 54, n. 2, p. 79-95, 2016. Disponível em: https://www.semanticscholar.org/paper/Second-language-fluency-and-its-underlying-and-Segalowitz/c927ceb17c88511add510758714e0795d2605615. Acesso em: 9 abr. 2021

SILVA, L. Fluência de ouvintes sinalizantes de libras como segunda língua: foco nos elementos da espacialização. 2018. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/193780. Acesso em: 7 abr. 2021.

SILVA, L. Aquisição de segunda língua: o estado da arte da Libras. Alfa: Revista de Linguística, v. 64, e11861, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-57942020000100220&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 7 abr. 2021.

SILVA, L. A cognição e os princípios teóricos e metodológicos ao ensino de Libras para ouvintes: orientações a professores iniciantes. Revista Linguagem em Foco, [S. l.], v. 12, n. 3, p. 197-218, 2021. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/2630. Acesso em: 9 abr. 2021.

SILVA, V. L. T. Fluência oral: imaginário, construto e realidade num curso de Letras. 2000. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. Disponível em: https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_8d3ceda02128c28fdc3809600ac931cc. Acesso em: 7 abr. 2021.

SOUZA, D. T. Língua brasileira de sinais: as dificuldades encontradas por ouvintes na execução da marcação não-manual e sua interferência na mudança de significado. Linguagens - Revista de Letras, Artes e Comunicação, v. 2, n. 3, p. 275-290, set./dez. 2008. Disponível em: http://proxy.furb.br/ojs/index.php/linguagens/article/view/1125/1034. Acesso em: 7 abr. 2021.

SOUZA, R. A. A proficiência em L2 como objeto da Psicolinguística. In: MOTA, M. B.; NAME, C. Interface linguagem e cognição: contribuições da Psicolinguística. 1 ed. Tubarão: Copiart, 2019. p. 201-218.

ZANCANARO JUNIOR, L. A. Produções em libras como segunda língua por ouvintes não fluentes e fluentes: um olhar atento para os parâmetros fonológicos. 2013. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/122616. Acesso em: 7 abr. 2021.

Downloads

Publicado

2021-05-31

Como Citar

da Silva, L., & Moreno, D. (2021). Libras como L2 para ouvintes:: a fluência em perspectiva. Revista Da Anpoll, 52(1), 162–187. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v52i1.1501

Edição

Seção

Estudos Linguísticos (2021)