Juventudes distópicas

a rebeldia como dispositivo de segurança em Fahrenheit 451

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i2.1748

Palavras-chave:

Juventude, Rebeldia, Ficção científica distópica, Dispositivo de segurança, Fahrenheit 451

Resumo

Esse trabalho busca verificar como a rebeldia da juventude é assimilada enquanto dispositivo de segurança pelas tecnologias de poder que dão forma às sociedades representadas na ficção científica distópica. Para tanto, são discutidos os conceitos de juventude e rebeldia, destacando-se suas implicações simbólicas (ABRAMO, 1994; GROPPO, 2000; PASSERINI, 1996); em seguida, são exploradas as noções de governamentalidade e dispositivo de segurança, a fim de compreender o exercício do poder na utopia (FOUCAULT, 2008; 2014; 2019); e, por fim, os argumentos desenvolvidos nas seções teóricas são recuperados por meio de uma leitura crítica de Fahrenheit 451, obra selecionada em função da maneira como expressa a relação entre a cultura de consumo que define as sociedades industriais avançadas e os discursos que modelam sua juventude. Os resultados dessa leitura indicam que a escola e as mídias de massa colaboram para a produção de uma juventude politicamente neutra, cuja rebeldia é administrada de modo a se tornar útil ao próprio exercício do poder.

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Biografia do Autor

Willy Nascimento Silva, Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, Paraíba, Brasil

Mestre em Letras (UFPB).

Luciane Alves Santos, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil

Doutora em Letras (USP).

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Publicado

2022-09-06

Como Citar

Nascimento Silva, W., & Alves Santos, L. (2022). Juventudes distópicas: a rebeldia como dispositivo de segurança em Fahrenheit 451. Revista Da Anpoll, 53(2), 437–452. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i2.1748

Edição

Seção

Por uma análise foucaultiana dos discursos