Artes do Corpo e Dialogismo em Soneto 116: potencialidades para uma educação estética do olhar

Resumo

O presente artigo pretende refletir sobre as relações entre Artes do Corpo e Dialogismo no projeto verbo-visual cênico Soneto 116 (W. Shakespeare) – Direção de José Roberto Jardim – com Fernanda Nobre, em 2021, de modo a investigar possibilidades para uma educação estética do olhar na contemporaneidade. Inserida na esfera virtual de produção, circulação e recepção em Artes do Corpo, termo polissêmico que nos permite considerar a adaptação da cena a diversos formatos e plataformas desencadeada radicalmente pela pandemia global de covid-19, a obra apresenta possibilidades de discussão sobre temas fundantes que constituem os estudos da linguagem na atualidade. Apoiado no pensamento do grupo de intelectuais russos que denominamos hoje Bakhtin e o Círculo, o trabalho mobiliza alguns conceitos que integram a macro noção Dialogismo, a partir dos quais se debruça sobre seu objeto de análise. Os resultados apresentam contribuições para o campo dos estudos da linguagem e da educação, aos quais interessam o funcionamento do discurso em campos diversos, inclusive os do teatro e da performance, e também para o universo (hoje mais expandido do que outrora) das Artes do Corpo, o qual temos enfrentado, já há algum tempo, a partir das lentes bakhtinianas.