Discurso, memória e violência de gênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1828

Palavras-chave:

Memória discursiva, Identificação de gênero, Feminismo, Violência doméstica e familiar

Resumo

Com o presente texto busca-se analisar a persistência de uma memória discursiva e sentidos sobre o sujeito mulher em relatos de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A partir do referencial teórico-analítico da análise de discurso de filiação materialista, e em diálogo com os estudos de gênero, serão tratados os conceitos de memória discursiva e os processos discursivos que conduzem à construção de formas de identificação. Nesta conjuntura, é atribuída especial atenção às relações de poder entre homens e mulheres, as quais são patriarcais e desiguais, com os corpos trazendo discursos que permeiam diversas searas, jurídicas, políticas e econômicas. A condição feminina nas relações de poder nos remete a um trajeto por discursos que se cruzam através dos fios da memória, indicando representações socialmente aceitas e marcando lugares que foram legitimados em situação de embate, luta e resistência A questão atinente às contradições sociais, bem como as marcas de interdição e reivindicação de direitos e espaços de expressão terminam impedindo que as mulheres sejam vistas pelo seu traçado de conquistas, inscrevendo-as atualmente como alvo de violência doméstica e familiar, potencializada durante a pandemia de Covid 19.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALLENDE, I. Mulheres de minha alma. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2020.

ATWOOD, M. A odisseia de Penélope. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

BALDINI, L.J.S.; CHAVES, T.V. Do visível ao nomeado: enquadramentos do humano. Trabalhos em Linguística Aplicada. Campinas, v. 75, n. 2, p. 799-820, 2018.

BEAUVOIR, S. O segundo sexo: fatos e mitos. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.

BOURDIEU, P. A dominação masculina: a condição feminina e a violência simbólica. 18. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2020.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero. Brasília: Enfam, 2021.

BUTLER, J. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2015.

CHAKIAN, S. A construção dos direitos das mulheres: histórico, limites e diretrizes para uma proteção penal eficiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020.

COLLINOT, A.; MAZIÈRE, F. A língua francesa: pré-construído e acontecimento linguístico. In: ORLANDI, E. P. (org.). Gestos de leitura: da história no discurso. 4. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2014.

ERICSON, S. “Desalentadas”: subjetivação em dizeres sobre as mulheres que desistiram de procurar trabalho. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 23, n. 3, p. 707-719, 2020.

FEDERICI, S. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.

HABERMAS, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Vol. II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.

HASHIGUTI, S. O corpo como materialidade do/no discurso. In: INDURSKY, F.; LEANDRO-FERREIRA, M. C.; MITTMANN, S. (org.). O discurso na contemporaneidade: materialidades e fronteiras. São Carlos: Claraluz, 2009. p. 161-168.

LERNER, G. A criação do patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. São Paulo: Cultrix, 2019.

MAGALHÃES, B.; MARIANI, B. Processos de subjetivação e identificação: ideologia e inconsciente. Linguagem em (Dis)curso, Palhoça, v. 10, n. 2, p. 391-408, 2010.

MASSMANN, D.; BRASIL, P. Mulher e vulnerabilidade no direito brasileiro: uma questão de sentidos. In: BERTOLIN, P. T. M. et al (org.). Mulher, sociedade e vulnerabilidade. Erechim: Deviant, 2017. p. 47-64.

NEVES, M. A constitucionalização simbólica. São Paulo: Martins Fontes, 2007,

ORLANDI, E. P. Discurso em Análise: Sujeito, Sentido e Ideologia. 3. ed. Campinas: Pontes Editores, 2017a.

ORLANDI, E. P. Eu, Tu, Ele – Discurso e real da história. 2. ed. Campinas: Pontes Editores, 2017b.

PACÍFICO, S. M. R.; ROMÃO, L. M. S. A memória e o arquivo produzindo sentidos sobre o feminino. Em questão, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 73-90, 2006.

PAVEAU, M.-A. Os Pré-discursos: sentido, memória, cognição. Campinas: Pontes Editores, 2013.

PÊCHEUX, M. Papel da memória. In: RICHARD, P. et al. (org.). Papel da memória. Campinas: Pontes, 2010.

SAFFIOTI, H. Gênero, patriarcado, violência. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular; Fundação Perseu Abramo, 2015.

WOOLF, V. Um teto todo seu. São Paulo: Tordesilhas, 2014.

ZOPPI-FONTANA, Mônica Graciela. “Lugar de fala”: enunciação, subjetivação, resistência. Conexão Letras, v 12, n. 18, p. 63-71, 2017.

Downloads

Publicado

2024-04-30

Como Citar

Araújo, A. L. N. de. (2024). Discurso, memória e violência de gênero. Revista Da Anpoll, 55, e1828. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1828

Edição

Seção

Estudos Linguísticos