TÃO FELIZES, NUNCA FOMOS: LITERATURA E CINEMA EM TEMPOS DE AUTORITARISMO
DOI:
https://doi.org/10.18309/anp.v2i27.153Abstract
RESUMO: O texto examina a tradução intersemiótica operada pelo cineastamurilo Salles para o conto de João Gilberto Noll “Alguma coisa urgentemente” (1980), denominada Nunca fomos tão felizes (1984), considerando o contexto da ditadura civil-militar brasileira (1964- 1985), período em que as duas narrativas foram criadas. Reflete, ainda, sobre o fato de que as representações literária e fílmica, em conjunto ou separadamente, podem ser lidas como “lugares de memória” (lieux de mémoire, conceito proposto por Pierre Nora, 1991): textos que, ao cumpriremoofício de lembrar, revelam o possível papel das artes como sendo o de traduzir em discurso fatos que resistem à apreensão até mesmo pelo enunciado explicativo e relativizante da história.PALAVRAS-CHAVE: literatura e cinema, literatura e autoritarismo, tradução intersemiótica, transtextualidade.
ABSTRACT: This article examines the intersemiotic translation of a short story by João Gilberto Noll (“Alguma coisa urgentemente”, 1980) into a film by murilo Salles (Nunca fomos tão felizes, 1984), considering the context of the civil and military dictatorship in Brazil (1964-1985), when the story was written and the film made. It also reflects on the fact that the literary and the filmic representations, seen both together and separately, may be read as lieux de mémoire (according to a concept proposed by Pierre Nora, 1991). Those are texts that, as they perform the task of remembering, may be seen as a comment on the possible role of the arts in translating into discourse facts that resist understanding, even by the explanatory and relativizing enunciation of history.
KEYWORDS: literature and cinema, literature and authoritarianism, intersemiotic translation, transtextuality.
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