Bilíngues conseguem avaliar com precisão a sua proficiência em um questionário de histórico da linguagem?

Uma correlação entre medidas de proficiência autoavaliada e objetiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v52i1.1506

Palavras-chave:

Proficiência, Proficiência Autoavaliada, Questionário de Histórico da Linguagem

Resumo

Pesquisas com bilíngues aplicam diferentes medidas para avaliar proficiência, uma delas são os questionários de histórico da linguagem, que incluem perguntas sobre a experiência dos indivíduos e a sua proficiência auto-avaliada. Estudos sugerem que bilíngues conseguem relatar a sua proficiência de forma consistente com medidas objetivas (MARIAN et al., 2007; LUK et al., 2013; GERTKEN et al., 2014; BRANTMEIR et al., 2012). Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi investigar a relação entre duas medidas distintas de proficiência. Para isso, correlacionamos a autoavaliação de proficiência dos participantes (N = 112) no Questionário de Experiência e Proficiência Linguística (QuExPLi) com as suas pontuações no TOEFL ITP. Também realizamos uma regressão linear simples entre os escores médios das duas medidas. Os resultados mostram uma correlação fraca e significativa entre a proficiência autoavaliada dos participantes e suas pontuações no TOEFL ITP, bem como uma equação de regressão significativa. Além disso, quando as pontuações nas habilidades individuais foram correlacionadas com a proficiência autoavaliada dos participantes nessas habilidades (N = 16), correlações significativas moderadas a fortes foram encontradas. Esses resultados se somam a pesquisas que encontraram dados de que bilíngues são capazes de relatar sua proficiência com precisão. No entanto, mais estudos em diferentes contextos são necessários.

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Biografia do Autor

Ana Paula Scholl, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Possui Graduação em Letras - Licenciatura Português/Inglês (2013) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Mestrado em Linguística Aplicada pela mesma universidade (2016). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas, atuando principalmente no tema bilinguismo. É membro do LABICO - Laboratório de Bilinguismo e Cognição na UFRGS. Atualmente, é aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Ana Beatriz Arêas da Luz Fontes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Possui graduação em Jornalismo pela The University of Texas at El Paso - UTEP (2005) e mestrado e doutorado em Psicologia Social, Cognitiva e Neurociência também pela UTEP (2008, 2010). Tem experiência de pesquisa na área de Psicologia Cognitiva, com ênfase em Psicolinguística e Bilinguismo. Lecionou no Departamento de Psicologia da Penn State University, campus Beaver, de 2012 a 2014. Atualmente, é professora do Instituto de Letras e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É membro do LABICO - Laboratório de Bilinguismo e Cognição na UFRGS desde 2014 e coordena o grupo de pesquisa ProLinGue - Processamento de Linguagem Bilíngue.

Ingrid Finger, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Professora Associada do Departamento de Línguas Modernas da UFRGS, com vínculo permanente ao PPG Letras. Possui Mestrado e Doutorado em Letras pela PUCRS, tendo realizado Estágio Doutorado-Sanduíche na City University of New York – CUNY. Realizou Estágio Sênior no Exterior no Brain and
Language Lab, da Georgetown University. Tem atuação nas áreas de Bilinguismo e Educação Bilíngue, Psicolinguística do Bilinguismo, Linguística Aplicada e Neurociência e Educação. Coordena o LABICO - Laboratório de Bilinguismo e Cognição na UFRGS desde 2006 e faz parte da Rede Nacional da Ciência para a Educação.

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Publicado

2021-05-31

Como Citar

Scholl, A. P., Fontes, A. B. A. da L., & Finger, I. (2021). Bilíngues conseguem avaliar com precisão a sua proficiência em um questionário de histórico da linguagem? Uma correlação entre medidas de proficiência autoavaliada e objetiva. Revista Da Anpoll, 52(1), 142–161. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v52i1.1506

Edição

Seção

Estudos Linguísticos (2021)